teto de vidro;
sexta-feira, 27 de junho de 2014 | Comentários
''na frente está o alvo que se arrisca pela linha
 não é tão diferente do que eu já fui um dia''
 


o que vem depois da inércia é aterrorizante; o ato de movimentar-se após tanto tempo imóvel é estranho a ponto de poder ser comparado a morte.
talvez eu estivesse morto, sem saber, sem perceber; é o que dizem né? morrer é entrar em outra, morrer não dói.
somos alvos fáceis, diariamente corremos para escapar das balas perdidas, que a própria vida lança.
quando ficamos em estado de inércia, somos alvos garantidos. não só alvos, somos caçados, somos massacrados, somos -por fim- baleados, atingidos, pegos.
e a paz que vem a seguir, não é, nem de perto, reconfortante.
é o que eu estava tentando lhe dizer, cara, você conseguiu compreender?
é a inércia, é o vazio, é a falta de movimento que vem dessa paz.
paz na morte, coisa estranha de se pensar, de se dizer.
coisa estranha de se sentir.
melhor não.
movimento.
movimento é o que precisamos para continuar vivos.
veja bem, eu disse vivos e não sobreviventes.
não sobrevivemos nessa vida não.
o futurismo, lá atrás, já pregava isso: movimento, velocidade.
mesmo que sejamos todos alvos garantidos, alvos abatidos, não podemos ficar na inércia; a falta de movimento é o que nos mata.
e contrário disso é o que nos mantém aqui.


Quem sou eu?

Enquanto achar necessário o uso das palavras borradas no papel, enquanto achar inevitável o fazer... enquanto tudo isso acontecer, sempre terei o que escrever, mesmo que para isso, eu não tenha nada em mente.
Visualizar meu perfil completo

Arquivo