Sentimentos, sentidos, talvez.
terça-feira, 16 de março de 2010 | Comentários
Todas as noites, antes de dormir, me deparo com essa vontade incontrolável.
Essa coisa de olhar para o papel, pegar a caneta e, sem nexo algum, começar escrever.
Na maioria das vezes não tenho o que escrever; apenas sinto a necessidade... Raramente consigo tirar algum proveito dessas noites de verão que o equilíbrio me falha.
Digo equilíbrio das palavras, de estabelecer uma ordem, coordená-las; Se é que posso chamar disso. Falta de coordenação.
Mas que seja! (doce)
Meus sentidos ficam mais salientes, sentimentos talvez. E nessas noites que as palavras escapam de mim, só me resta sentir.
Sentir o incontrolável, a necessidade; e, conseqüentemente [sim, com trema], descrevê-los, com palavras. Ora com, ora sem nexo.
Minha maior dificuldade é o começo, como começar o enredo. O meu enredo de sentimentos apurados, sentidos.. talvez.
E o final é a melhor parte! O final pode ser bobo, se o começo e o meio o substituírem.
O final pode ser como o desse texto; assim, num simples: Fim.


Quem sabe?
terça-feira, 2 de março de 2010 | Comentários
Agora estou aqui, tão longe, longe de tudo, longe de casa...
Tudo é tão diferente por aqui, o cheiro, os sabores, os amores, a vida. Ou o que quer que eu tenha agora.
Vida ou morte.
Não sei ao certo e, provavelmente, demorarei para descobrir; às vezes penso que estou morta, sem sentidos, sem gostos, absolutamente nada; daí me vem um cheiro de jasmim nostálgico, um gosto amargo de algum café tomado há alguns anos atrás.
E quando isso acontece passa pela minha cabeça a idéia de estar viva, nem que seja só por alma. Só por nostalgia, por amor, por fervor.
Tem uma vitrola num canto da sala, uma poltrona, um espelho.. só. Há uma janela também. Mas em relação ao espelho, desde que vim para cá, não tive a ousadia de olhar-me. Só olho pela janela, todos os dias.
Tem um jardim lá fora, tão lindo e acolhedor que, quase sempre, tenho uma vontade quase que incontrolável de sair correndo daqui e me atirar ali na grama com os outros.
Aé, tem esses outros também; não sei quem são, ou o que fazem aqui, mortos ou vivos... tbm nao sei. Mas estão lá, deitados na grama. Quase sempre sob a luz da lua, outras tantas vezes sob um sol escaldante. Apesar disso, sempre estão ali.
Talvez não tenham para onde ir... talvez estejam na mesma situação que eu. Só esperando uma porta para sair daqui.
Sair correndo, é o que eu penso, todos os dias.
E penso tbm se o dia em que terei a coragem de me olhar no espelho chegara. Mas nunca acontece nada; apenas passo por ele, de cabeça baixa, para nao correr o risco de ter que encarar o desconhecido... o meu desconhecido.
Enquanto esse dia nao chega, me contendo com os cheiros e gostos nostálgicos, que já falei. E fico olhando pela janela, que já falei tbm, olhando os outros.
Não sei que hora é, nem ao menos em que ano estamos. Já pensei em perguntar a eles, mas creio que nao ouviriam eu gritar da janela. Eles parecem sempre tão concentrados no nada, que fico constrangida de estragar esse extase.
Tomei coragem, num dia em que nem os cheiros nem os gostos nostálgicos apareceram, de me olhar no espelho. Não senti nada nesse dia. Levantei da poltrona e olhei para trás; um corpo familiar repousava lá, quem sabe o meu, quem sabe um deles.
Cheguei perto da parede, olhei, fixamente, para o espelho e, surpreendentemente, concluo que o corpo deixado sobre a poltrona é o meu. Penso estar morta.
Penso tbm, neles, na minha nostalgia... e por fim, penso que amanhã estarei viva denovo. Ou morta, denovo.


Quem sou eu?

Enquanto achar necessário o uso das palavras borradas no papel, enquanto achar inevitável o fazer... enquanto tudo isso acontecer, sempre terei o que escrever, mesmo que para isso, eu não tenha nada em mente.
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