Mémórias
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009 | Comentários
Deitada na cama, lençóis brancos, limpos, solitários. Penso em tudo que se passou, em tudo que vivemos aqui, noites adentro.
Em frente à lareira, um bom vinho, cigarros... uma música para curar o porre. Tantas risadas, segredos, pecados escondidos entre as cobertas, entre nossos corpos.
Hoje, o que resta é a saudade, que ecoa pela casa; quase num lamento.
Posso garantir que, às vezes, a escuto pelos cantos, resmungando, com o cheiro do blues e o gosto do vinho.
Posso garantir que, não somente ela, eu também ando pelos cantos. Choramingando, sentindo sua falta. Queria poder voltar todas aquelas noites de inverno, aquelas tardes de outono, deitados no quintal, ao som das folhas caindo.
Do sexo quente, das duchas, das palavras ásperas 'em voz de veludo', das contradições. De ti.
O que pode ser a maior loucura, de todas as que cometi. Tentar te esquecer.
Venho fazendo isso há tempos, esquecendo de ti, esquecendo de todos os momentos dentro dessa casa, nessa cama, nos lençóis, limpos, brancos, aconchegantes.
Esqueci do seu rosto, esqueci do seu cheiro, do seu sabor...
Claro que continuam os aromas, o gosto do vinho em minha boca, do cigarro... o calor do seu corpo junto ao meu.
Porém, esquecerei disso, daqui alguns anos, como do seu rosto, do seu cheiro.
A única coisa que me preocupa, além do amor que não consigo esquecer, é que as vezes eu esqueço de te esquecer!


Just wanna be a woman
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009 | Comentários
Escuto seus passos apurados no corredor, o tic tac do relógio faz minha cabeça balançar, a ponto de quase explodir.
O vejo de um lado para o outro com o telefone na mão; sua voz sempre leve como brisa, agora está com um tom grave, rouca preocupada.
Acredito que liga para a farmácia, escutei-o pedir remédios. E rápido.
Quanto à mim, sentada do lado da banheira, mão direita cobrindo o abdômen (?), a outra segurando uma compressa na testa. Que arde em febre.
Não sei até quando aguentarei, sei que estou muito nova para morrer; então, tento pensar em coisas boas. Lembrar das férias no campo com meus pais... o vento doce batendo em meu rosto com o cheiro do verão. Tão aconchegante!
Mas, minhas lembraças são rapidamente atrapalhadas quando, com medo, sinto algo molhado, estranho, saindo de mim. Levemente passo a mão sobre o líquido e constato ser sangue.
Nesse mesmo momento, como um salvador iluminado, meu pai entra no banheiro com um copo d'água, me alcançando algo.
Um atroveran, para cessar as cólicas da minha primeira menstruação.

OEE \o/


Quem sou eu?

Enquanto achar necessário o uso das palavras borradas no papel, enquanto achar inevitável o fazer... enquanto tudo isso acontecer, sempre terei o que escrever, mesmo que para isso, eu não tenha nada em mente.
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