refrão de bolero;
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010 | Comentários

Mas eu falei nem pensar

Agora me arrependo, roendo as unhas

(...)

Coração na mão, como um refrão

De um bolero.’



Sabe, gostaria mesmo que você me desculpasse; andei pensando durante esse tempo todo, e não tenho sido uma pessoa com a qual você devesse se orgulhar, ou admirar. Ou respeitar.

É, é essa a palavra mais adequada. Respeito!

Foi o que eu nunca tive por você, talvez nem por mim, durante toda a minha vida.

Nem com os outros.

Pode ser culpa, esse negócio que eu to sentindo, sabe? Esse negócio que ta me machucando, dilacerando o meu peito; desde que descobri que você partiria. Espero que consiga escutar tudo o que eu trouxe, dentro de mim, pra ti.

Desde que recebi a carta do seu irmão dizendo que você iria embora, eu descobri muita coisa.

Que tu... Foi a única pessoa, depois dos meus pais, que me amou de verdade. Amou o que eu fui -porque não sou mais- amou o jeito, quem sabe, insuportável de como eu lidava com o nosso relacionamento.

Aceitava me ver só dois dias por semana, porque eu, desconhecido no amor, achava que isso era muito piegas.

Sei que não precisava você estar assim para eu descobrir essas coisas; porém, descobri algo que, talvez, nunca descobrisse se não recebesse a carta.

Eu te amei, te amei com toda a força que eu tinha; amei como ama o amor, amei mais do que cabia em mim. E acabei deixando esse amor se esvair. Deixei a única coisa bonita que existia em mim... Sumir.

Continuo te amando, e continuarei pelo resto da minha vida, mas de que me adianta ter a coisa mais linda dentro de mim, se não terei você para entregá-la?

Sabe, acho que amor demais machuca, senão eu não sentiria essa dor, essa coisa pesada do meu peito, olhando pra ti, agora.

Vendo que tudo o que eu sempre precisei, tudo o que eu sempre quis, era ter você, pra sempre comigo; acordando todas as manhãs e olhando teu corpo, banhado pelo sol, ao lado meu.

Sentindo teu cheiro no meu, sentindo o teu amor completando o meu.

Olhando para o relógio, solto um suspiro, volto a olhar para o espelho onde ensaio as últimas palavras. Pego as flores; a porta se fecha atrás de mim, quase me dizendo um 'boa sorte'.

Agora, só rezo para que consiga dizer tudo isso ao outro; antes que aquele aparelhinho do lado de sua cama dê um sinal, vazio e áspero, comunicando que não resta mais vida em seu corpo.



Quem sou eu?

Enquanto achar necessário o uso das palavras borradas no papel, enquanto achar inevitável o fazer... enquanto tudo isso acontecer, sempre terei o que escrever, mesmo que para isso, eu não tenha nada em mente.
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