Borrões
segunda-feira, 24 de maio de 2010 | Comentários
Meu quarto é sujo, de cinzas, desenhos, músicas...
Ele fede; a cigarro, à lembranças, à mágoas, fede em poesia, fede em criatividade. Fede, ao amor, fede à cerveja.
Até o inverno quando entra nele tem um cheiro diferente.
É sujo, sujo de gente, sujo de amigos, de felicidade.
Manchado de verdades, algumas mentiras, mas sempre manchado.
Manchado de Machado, Aluísio, Martha, Caio; devaneios
Sujo, manchado, de todas essas coisas, verdades, mentiras, amigos, escritores, músicas, felicidade... Manchado de mim, inclusive.



Thank you
quinta-feira, 20 de maio de 2010 | Comentários
Lembra de todas as nossas promessas? Todos os planos, toda uma vida...
Sempre quando lembro-me disso, instantaneamente, cria-se um sorriso no meu rosto; um sorriso de como se fossem os melhores momentos da minha vida. E, olha querida, já tive muitos momentos bons, com amigos, com a minha família, até mesmo sozinha aqui, escrevendo e tudo mais.
Mas... nenhum se compara aos que eu passei ao teu lado. Sem desvalorizar os outros, pois eles sabem o que significam pra mim; basicamente tudo, agora.
Pois teu amor não tenho mais, nem as promessas, nem os planos, nem a vida toda.
Sei também que para você era a mesma coisa, sei que me amava, sei que sorria quando pensava em mim, sei sim; mesmo negando tudo isso.
Então, porque fugir assim? Achas que será mais fácil desse jeito?
Ah, claro... eu entendo seu lado. Não continuar numa relação, não continuar quando vê que tudo está indo bem demais, né?
E a única resposta que tenho para isso é esta: tens medo de te magoar denovo.
Não a culpo! Ficar assim, tão apaixonado, criar expectativas e depois... fica a incerteza de que vai ser sempre assim, de que tu nunca vai se magoar, nunca vai terminar esse amor; todo essa baboseira de relacionamentos.
Mas, creio que, nem por um instante pensou que fazendo isso, tudo o que você tinha medo, sofrer e blábláblá, estaria acontecendo comigo.
Pois é assim que me sinto, como se tudo que eu apreciasse, desaparecesse como areia das minhas mãos, escorrendo; e eu tentando, de qualquer maneira, segurá-lo. Mesmo sabendo que seria um fracasso.
É.. descobri que nisso sou bom. Fracasso!
Não te prendas demais a ninguém, não faça planos demasiados, o tombo sempre é mais doloroso quando sente-se que está no paraíso. Foi isso que você me disse antes de partir.
Então, agora, seguirei teus conselhos, docinho.


Sob as luzes de neon;
terça-feira, 4 de maio de 2010 | Comentários
Ela está andando pelas ruas imundas, bêbada, o cabelo bagunçado, seu salto já quebrou. Mas ela insiste em continuar.
Como uma página esquecida no meio de um livro qualquer; típico naquelas prostitutas de cidade grande, ninguém sabe de sua existência fora da esquina.
E toda noite, é a mesma coisa, alguns caras querendo sexo... talvez paguem bem, talvez não. Maybe.
Aquele tal de glamour decadente, todo final de noite. Se sente suja por dentro, por fora, batom borrado; só esperando para chegar em casa, tomar uma xícara de café e dormir.
Isso nunca acontece, sua casa é a rua, é a esquina onde trabalha. Um trabalho sujo, mais do que sua alma, um trabalho sem volta. Ela sabe, sempre soube, que depois que entrasse nisso seria como se viciar em crack, sem volta.
Aliás, a única coisa que ainda nao experimentou foi isso; tem medo, de borrar mais sua alma, seu ego...
Sua sombra já foge, tenta sair dali, achar um lugar mais digno, mas não consegue. Está presa nela, como ela está presa nessa vida. Que muitas vezes já tentou apagar.
E todas as noites ela espera que algum cara cante pra ela 'stay with me, beautiful girl(...) she wanna go home'.


Quem sou eu?

Enquanto achar necessário o uso das palavras borradas no papel, enquanto achar inevitável o fazer... enquanto tudo isso acontecer, sempre terei o que escrever, mesmo que para isso, eu não tenha nada em mente.
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