precipício;
terça-feira, 1 de novembro de 2011 |
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olho ao redor, o bar está quase vazio. é madrugada fria aqui, bebo sozinha em um canto sujo, olhando as pessoas bêbadas em minha volta.
alguns caras velhos, provavelmente separados das suas mulheres, sozinhos, perambulando pelas ruas frias e molhadas, vindo parar nesses bares de fim de noite.
aqueles bares, que tocam bob dylan, que vendem cerveja barata. aqueles bares para todas aquelas pessoas solitárias. que não aguentam mais a própria solidão e saem de casa para encontrar mais pessoas solitárias e observá-las. quem sabe encontremos alguns piores, com mais solidão, com mais embriaguez. quem sabe encontremos alguém para dividir a nossa miséria.
dividir a cama, para sempre. nos fazendo esquecer da solidão, por uma noite apenas.
ou quem sabe essa solidão piore, talvez essas noites frias, molhadas nesses bares sujos de pessoas miseráveis, faça com que nos sintamos como o lugar.
sujo, frio.
sentindo que somos apenas para finais de noite, para alguém mais sozinho que nós, que recolha-nos, arranque essa vida bucólica que nos absorve, e obriga a irmos a lugares como esses.
lugares como nós, sujos, miseráveis, solitários, bucólicos, gélidos.
Quem sou eu?
Enquanto achar necessário o uso das palavras borradas no papel, enquanto achar inevitável o fazer...
enquanto tudo isso acontecer, sempre terei o que escrever, mesmo que para isso, eu não tenha nada em mente.
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