Just wanna be a woman
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009 | Comentários
Escuto seus passos apurados no corredor, o tic tac do relógio faz minha cabeça balançar, a ponto de quase explodir.
O vejo de um lado para o outro com o telefone na mão; sua voz sempre leve como brisa, agora está com um tom grave, rouca preocupada.
Acredito que liga para a farmácia, escutei-o pedir remédios. E rápido.
Quanto à mim, sentada do lado da banheira, mão direita cobrindo o abdômen (?), a outra segurando uma compressa na testa. Que arde em febre.
Não sei até quando aguentarei, sei que estou muito nova para morrer; então, tento pensar em coisas boas. Lembrar das férias no campo com meus pais... o vento doce batendo em meu rosto com o cheiro do verão. Tão aconchegante!
Mas, minhas lembraças são rapidamente atrapalhadas quando, com medo, sinto algo molhado, estranho, saindo de mim. Levemente passo a mão sobre o líquido e constato ser sangue.
Nesse mesmo momento, como um salvador iluminado, meu pai entra no banheiro com um copo d'água, me alcançando algo.
Um atroveran, para cessar as cólicas da minha primeira menstruação.

OEE \o/


Quem sou eu?

Enquanto achar necessário o uso das palavras borradas no papel, enquanto achar inevitável o fazer... enquanto tudo isso acontecer, sempre terei o que escrever, mesmo que para isso, eu não tenha nada em mente.
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