Verso, estrofe e refrão
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009 | Comentários
Não sei o porque disso mas, sinto uma alegria demasiada ao observá-la.
Seus olhos claros, juntamente com sua pele cor de neve! Os cabelos pretos como ébano, caíam perfeitamente sobre aquele rosto...
Ah, aquele rosto, por vezes tão angelical que a vontade de ficar olhando nunca cessava. E por tantas outras –vezes- demoníaco, sombrio e melancólico; aquela doçura toda se esgotava tão rápido que nem percebia que meus olhos eram fixos aos seus.
Talvez a loucura tenha tomado conta de seu corpo frágil e delicado; o rosto angelical desaparecera, tornando-se uma vaga lembrança.
Os olhares eram recíprocos e, dificilmente se desencontravam... apenas quando eu puxava outro cigarro do bolso, abaixando os olhos para procurar o maço.
O canivete em suas mãos reluzia com o brilho do luar. Sabia o que estava por vir, mesmo assim, o único pensamento que me vinha era dos anos que passei sem poder tocá-la, sem poder dizer que a amava. E hoje, depois de todos esses anos, estamos frente a frente, e ela sequer me reconhece!
O silêncio ecoa em meus ouvidos, seus passos apurados chegam até mim rapidamente.
Seguro para longe de mim o braço que carregava seu canivete, por alguns minutos apenas... tantas palavras transbordam dentro de mim, um ‘eu te amo’ chega até a minha boca, porém, é inválido.
Resolvo a soltar, e então o silêncio é quebrado com o baque do meu corpo de encontro ao chão.
Deitado com a mão sobre o peito, tento inutilmente estancar o sangue...
Ela cada vez mais longe, com um sorriso largo no rosto, aquele rosto lindo e sombrio.
O mesmo sorriso de quando eu a observava... há anos atrás.


Quem sou eu?

Enquanto achar necessário o uso das palavras borradas no papel, enquanto achar inevitável o fazer... enquanto tudo isso acontecer, sempre terei o que escrever, mesmo que para isso, eu não tenha nada em mente.
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