Insensatez
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008 | Comentários
Sempre desconfiei da minha sanidade. Não que isso fosse muito importante a essa altura da vida... porém, essa dúvida permaneceu até os últimos dias em que ela(ou a sua falta ) esteve junto a mim.
Sempre não, pois isso aconteceu depois que comecei escrever; poemas, contos, palavras repetidas, que me gastavam todo o tempo livre. O que eu tinha de sobra naquela época era tempo. Acabara o ensino médio, e pretendia ficar um ano parada... só depois pensar no futuro.
Aliás, isso é a coisa mais errada que fazemos, pensar no futuro! Ora, quanta bobagem, temos que viver o hoje, não o amanhã.
Depois disso comecei desconfiar. Desconfiar da vida, da minha sanidade, das coisas que eu escrevia, do futuro.
Talvez o problema fosse minha imaginação, com a qual demorei anos para conseguir certa apatia, aquela que me deixava noites em claro, fazendo-me pensar sobre coisas bobas como o futuro, coisas certas como o presente e, coisas desprezíveis como minha sanidade.
Nessa época o que me acalmava era a música, nem as palavras que me faziam sorrir diariamente, nem elas me faziam tão bem quanto a música. Nada se comparava ao que sentia quando as escutava.
Ficava trancada no quarto, delirando com Rick Wakeman e todo o seu encanto perante os teclados.
Às vezes acompanhada de café, chá, mas nada com álcool. Precisava estar sóbria quando as escutava.
E somente nessas horas que esquecia tudo, esquecia da sanidade que me faltava, esquecia das palavras, esquecia de pensar... esquecia de mim.

Ah, como seria bom se isso pudesse acontecer sempre!


Quem sou eu?

Enquanto achar necessário o uso das palavras borradas no papel, enquanto achar inevitável o fazer... enquanto tudo isso acontecer, sempre terei o que escrever, mesmo que para isso, eu não tenha nada em mente.
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