Deixe-se acreditar
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008 | Comentários
Estava eu lá, sentada, olhando a chuva cair; e que belo espetáculo o é. Sempre quando chove, uma melancolia se espalha pela casa, melancolia misturada ao cheiro de flores da primavera.
Talvez não fosse das flores lá fora, e sim dos chá que preparara durando dias assim... Devo confessar que, essa melancolia toda deixava meu coração transbordando de alegria. Ficava sozinha em casa, como de praxe, tomando chá ou café, quem sabe. Não me importava com o tempo que passava, nada me atrapalhava, só o cheiro das flores que se espalhava por toda a casa, começando pela cozinha, invadia os quartos e, permanecia no corredor.
Cada gota de chuva caída lá fora era um batimento a mais dentro de mim. Talvez de euforia, talvez preocupação... quem sabe desgaste de todo esse tempo que tenho vivido assim, solitária. Não que não gostasse, pelo contrário, a solidão sempre foi algo que me agradara muito. É triste à certa altura da vida você notar ser rodiada de ilusões, porém, depois de um tempo isso cai no seu cotidiano. Aí então a solidão vem, para fazer companhia...
A chuva nao cessava, cada vez mais forte, e um ar gélido e nebuloso entrou no quarto, passando por debaixo da cama, escorrendo em meu corpo, arrepiando-me. Talvez fosse ele; ele sempre fica lá, no meu quarto, ou rondando pela casa. Desde o acidente não o vejo, só o sinto... e sempre em dias assim, chuvosos, melancólicos, nublados. Dias cinzas que mais parecem noites com um pouco de claridade, apenas.
A claridade do sol, obviamente, pois nem a lua me serve de companheira! O sol escondido no mar de nuvens cinzas. Belo espetáculo esse.
Provavelmente daqui a pouco, a chuva pára, as nuvens cinzas tornam-se mais claras, mudando de cor conforme o sol as penetra. Até chegarem num tom amarelado.
Mas hoje não parece ser um dia como os outros, a chuva está forte demais para cessar logo, o frio está aumentando, a casa parece estar maior e, o cheiro das flores mais forte.
Aquele ar gélido que me arrepia a coluna... esse sim, continua o mesmo. Porém, está mais denso, cobre todo o meu corpo. O frio torna-se quase insuportável que, me obrigo a pegar uma coberta.
Creio que amanhã o dia amanhacerá como os finais de tarde, os quais eu tanto gosto.
Enquanto isso não acontece, e a chuva cai cada vez mais, vou até a cozinha, faço mais chá, o cheiro das flores aumenta com isso.
Volto ao quarto, pego o cobertor, sento na poltrona do lado da cama. Não sozinha, ele está ali, gélido, me esperando na cama para cobrir todo o meu corpo, como de praxe.


Quem sou eu?

Enquanto achar necessário o uso das palavras borradas no papel, enquanto achar inevitável o fazer... enquanto tudo isso acontecer, sempre terei o que escrever, mesmo que para isso, eu não tenha nada em mente.
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