house'llelujah;
quarta-feira, 5 de agosto de 2015 | Comentários
"Qu'il est hétéro,qu'il est gay
Qu'il est chanteur,qu'il est DJ
Qu'il est mort et qu'il est laid
Qu'il est même musulman ou juif
Qu'il est bouddhiste et athé"

Se estamos condenados a viver assim, por que esconder?
Por que fingir que esta não é uma vida digna?
Pelo que a igreja, tão boçal e onipresente, disse-nos?
Lá antigamente, no tempo em que um tal de Jesus nasceu de uma mulher virgem, casada, mas era filho de outro homem.
Lá antigamente quando foi dito que duas pessoas povoaram a terra, e somente estas duas pessoas não eram do mesmo sangue, obrigando seus herdeiros ao incesto.
Lá antigamente quando se acreditava na igreja, não era por respeito que os fieis iam aos cultos.
O nome disso era medo.
Os fieis temiam, não a Deus, mas, a igreja.
Igreja impiedosa, igreja extremista.
A igreja do opus dei, a igreja da lavagem de dinheiro, a igreja do dízimo, a igreja que fala pelo nosso Senhor Jesus Cristo, que era um cara tão legal.
Era, provavelmente, a favor do socialismo; era, provavelmente, ativista nos anos 1960.
Era tantas coisas incríveis, que estão distantes do que todas essas igrejas pregam.
As guerras no oriente médio, a primavera árabe, os atentados, todas essas coisas aconteceram pela religião ou forma com a qual era usada em certos países.
Pessoas ateando fogo ao próprio corpo para chamar atenção do mundo à uma ditadura religiosa fascista.
Ninguém ouviu os gritos daquele homem.
Ninguém escuta os gritos de dor de cada pessoa que é morta a cada hora no mundo, por causa de religião.
Ninguém acredita que isso exista, porque a Igreja é suprema.
Porque a minha religião é melhor que a sua de batuque, a minha religião me faz pagar um preço alto para eu gritar que o casamento gay é hediondo.
Eu pago à minha igreja, aos meus pastores que dizem como devemos odiar os gays, como devemos odiar as mulheres que usam roupas curtas. Os meus pastores dizem que devemos odiar quem apoia o aborto, os meus pastores, pessoas tão boas que se preocupam com o senso comum, dizem que o sexo só deve ser feito para procriar.
Porque, sejamos francos, somos a espécie mais evoluída de todas, não devemos ter qualquer prazer carnal.

Afinal, meus pastores representam o Senhor Jesus Cristo.


ideologia;
terça-feira, 26 de maio de 2015 | Comentários
"E as ilusões, estão todas perdidas
 Os meus sonhos foram todos vendidos
 Tão baratos que eu nem acredito!"

Penso em como continuar lutando, se nem forçar para te escrever tenho mais.
Não há força para querer pensar, jogar essas palavras num papel qualquer. Você partiu e, como disse Cazuza, meu partido é um coração partido.
Pelo menos dessa vez, a dor parece ter entendido seu lugar.
Não quero escrever nada fúnebre ou mórbido, mesmo que todos esperem isso ou uma história de superação mágica.
Nada disso, só quero contar como me sinto, hoje.
Especialmente hoje que penso em sua morte, e consigo entender que estará sempre comigo.
Dói, dói mais que qualquer outra coisa, pensar que para amadurecer, fora preciso essa tempestade tão devastadora.
Tempestades assim arrancam nossa essência e alma; as vezes, as perdemos para sempre, junto com a pessoa querida, tão querida.
As vezes, juntamos forças sobre-humanas para tentar não chafurdar na lama; para tentar conseguir um pouco de oxigênio.
Não há superação nisso, não há nada além de uma força estranha, hoje, que consigo lhe escrever e dizer: Mãe, talvez as coisas possam dar certo pra mim.
Eu penso todos os dias em como gostaria de chegar em casa e te contar tudo.
Não posso, e não há ninguém que possa suprir esse vazio, mas eu posso tentar.
Tentar conquistar todas essas coisas bonitas que você desejou para mim, desde o momento em que nasci.
Só gostaria de lhe dizer, que se puderes sentir ou enxergar todas essas coisas bonitas, são por ti.
Todas as coisas bonitas que estão por vir (e sei que virão), todas, vão ser por ti.

Para eu lhe deixar orgulhosa, como nunca fiz em vida.


poema;
quarta-feira, 8 de abril de 2015 | Comentários
"Que é escuro e frio mas também bonito, porque é iluminado pela beleza do que aconteceu há minutos atrás"


Por vezes achei que estava perdendo a lucidez -se é que já não o fiz-, gostaria de te dizer que "ta tudo em, tudo no lugar mesmo faltando você como peça principal, que ta tudo bem mãe, ta doendo, mas vai passar".
Eu queria, mas não consigo.
Não consigo enxergar além dessa escuridão; os feriados estão começando, aqueles todos que passávamos juntas; a rotina, que compartilhávamos, vai me matando aos poucos, vai arrancando de mim, pedaços; não sei por quanto tempo irei aguentar isso.
Esse sufoco é tão letal; me falta o ar, nos dias ruins.
Nesses dias ruins, que o choro fica trancado na garganta, meu corpo dói por inteiro, como resposta -involuntária- à não projeção de dor que tento transparecer.
Tento bloquear o que aconteceu, fujo do assunto, fujo das memórias. Mas como fugir de algo pertencente a mim por tanto tempo? Como fugir do que foi minha vida?
Gostaria de fugir, correr tanto até que minhas pernas não aguentassem mais, e no fim do fim do fim do fim do caminho encontrar você; me esperando, com os braços abertos e o sorriso mais lindo no rosto.
Olha que clichê, mãe.
Eu virei um clichê, dramático, romântico, triste.
Será que você me cuida todas as noites?
Será que você me escuta, todas as noites? Escuta minhas orações, escuta sobre o meu dia?
Hoje fazem trinta dias, e a minha cabeça ainda bloqueia o que aconteceu; as pessoas nas ruas, as multidões, as vozes, o barulho dos carros, o barulho da chuva, do vento.
Como é possível que cada coisa que exista nesse mundo me faça lembrar de ti?
Não há para onde fugir, não há refúgio; se minha válvula de teletransporte para qualquer dimensão tão longe dessa, era tu, quem vai me segurar agora?
Digo, quem vai me segurar todos os dias no casulto que fora projetado em teu amor?
Acredito num mundo bom, em que coisas boas para pessoas boas aconteçam; acredito que um dia, num futuro distante -pois agora não conseguiria enxergar tua perda como algo que eu vá me acostumar- talvez sim eu consiga.
Vou lutar, nesses todos dias que se arrastam desde sua perda, vou lutar para não perder o controle, para continuar tendo fé.
Sei que te devo isso, e para algumas pessoas também.
Talvez, mãe, eu precise achar uma válvula de escape; não como tu foste, pois talvez -novamente- eu precise sentir toda essa dor que vai dilacerando por dentro cada pedacinho meu.
Diferente das outras vezes, essa dor é só minha, e é uma dor que precisa ser sentida com toda a sua intensidade, pois é minha, e tua.
Te escrevo essas palavras, já que não conseguiria me expressar sem chorar sobre isso tudo.
Te escrevo com meu coração, e com todo o amor que houver nessa vida.
Te escrevo com minha admiração, e te amo assim.



Antes das seis;
sexta-feira, 9 de janeiro de 2015 | Comentários
''enquanto a vida vai e vem, você procura achar alguém, que um dia possa lhe dizer: quero ficar só com você''

Dizem que a desgraça de qualquer escritor é o amor.
Ficamos piegas demais, clichê demais.
Mas o que seria da história sem o amor?
O que seríamos de nós –mortais- sem o amor?
Somos tão negligenciados pelo universo; carentes, dramáticos, sonhadores.
O amor foi feito para ser sentido; o amor foi feito para ser exposto.
Ora, vamos, não podemos amar sem ter que gritá-lo ao mundo.
O que seria de mim, sem o amor?
Talvez me tornasse um Bukowski, amargurado, azedo, com cheiro de whisky. Sem vida.
Deus me livre!
Prefiro ser Vinícius e metrificar cada gostinho meu por ti.
Eu nada seria sem amor; sem o teu amor.
De todas as coisas bonitas que já vi, de todos os vícios que experimentei. Tu é o que quero me afogar.
Afundar em teus braços a cada pôr-do-sol, e acordar neles.
P-E-R-M-A-N-E-N-T-E-M-E-N-T-E

Te metrificar nos meus versos, a vida inteira. 


no light, no light;
quinta-feira, 27 de novembro de 2014 | Comentários
 ''You are the hole in my head,
 you are the space in my bed.

 You are the silence in between,
 what I thought and what I said''


Não chora menina, não chora que a vida é luta renhida, viver é lutar.
É isso, não é?
A vida é um ato de coragem, que começa assim que nascemos.
Começa assim que acordamos, colocamos o pé para fora de casa; saímos da nossa zona de conforto, às vezes para não voltar.
Eu entendo tua dor, eu entendo que é a tua dor, e que se quiseres não precisa suportá-la.
Nunca suportei as minhas, e tenho orgulho disso.
O que eu quero dizer é que: tens orgulho da tua?
Todos os dias encontramos pessoas assim nas ruas, nas esquinas; dessa gente tanta que tem dores maiores que o mundo. Todos nós temos nossas dores, e elas são maiores que o mundo. Não há compreensão, não há pote de ouro no final do arco-íris. Só tem isso, menina, essa coisa toda que continuamos chamando de vida.
Fragmentos de felicidade; uma vez me falaram que a vida é cheia de tristeza com alguns fragmentos de felicidade. Bucólico, não é?
Não acredito nisso. Acredito apenas na fé de que as coisas melhorem, acredito no universo e em todas as suas conspirações.
Alguns tentam macrobiótica-balada gay-acupuntura-hinduísmo, eu só tento continuar aqui. Não sobrevivo, vou além. Eu só tento continuar vivendo assim.
A vida tropeça, te empurra, te derruba, mas sempre nos levantaremos.
Esqueceu disso? Aquelas promessas de nos reerguermos, mesmo no fundo do poço.
O fundo dele é só mais um lugar para se estar. Outro lugar qualquer, como a esquina, como a padaria, o bar que tanto gosta de ir.
O nome é apenas menos convidativo, mas o fundo do poço nos proporciona momentos de lazer.
Caio falou que no fundo do poço do poço do poço -e todos os poços sem fim que caímos todos os dias e nos acostumamos- você vai descobrir quê.
Há sempre essa fé boba de que temos salvação.
Talvez ainda tenhamos.


Quem sou eu?

Enquanto achar necessário o uso das palavras borradas no papel, enquanto achar inevitável o fazer... enquanto tudo isso acontecer, sempre terei o que escrever, mesmo que para isso, eu não tenha nada em mente.
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